A Sagrada Escritura, no Antigo Testamento (Gn 1,26), diz que o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. Com essas palavras, quer afirmar que o humano como criatura é dependente do Criador. Ser imagem e semelhança de Deus dá oportunidade ao homem de ter uma relação dialógica com seu Criador. Essa relação com Deus determina a relação com o outro e com o mundo.
No mundo bíblico, ser imagem é ser uma reprodução viva, é ser uma presença viva do representado. Isto implica um modo de ser e de agir. O homem imagem e semelhança de Deus pode ser reconhecido pelas suas ações, escolhas e pelo modo como se relaciona com Deus e com o outro. Isso significa que o homem tem uma característica que o difere das demais criaturas; ele é chamado a tornar Deus presente na humanidade com seu modo de agir e pensar.
Do mesmo modo que Deus é Senhor, que protege a vida, assim deve ser o ser humano em sua ação junto a todas as criaturas: deve proteger e cuidar com responsabilidade e carinho.
O Novo Testamento vai mostrar que a imagem de Deus é o próprio Cristo e o ser humano é chamado a ser imagem de Cristo porque Ele é a perfeita imagem de Deus.
O Concílio Vaticano II ensina que mesmo no pecado o ser humano continua vocacionado a ser imagem e semelhança de Deus e que o ser imagem de Deus é um processo, ou seja, o ser humano está construindo sua imagem que chegará na plenitude com a ressurreição. Essa perspectiva processual é encontrada, por exemplo, em 2Cor 3,18 que mostra também que a presença do Espírito Santo vai levando o homem a ser mais imagem de Deus, no sentido de que esta imagem vai crescendo até a escatologia (final da nossa existência terrena). Santo Irineu ensina que o ser humano “tem” o ser imagem de Deus pela criação, mas ela deve se desenvolver em direção à perfeição, ou seja, ocorre um processo de “assemelhação” (homousis) que é um processo de atividade de conjunto entre Deus que chama e o homem que responde de forma positiva a esse chamado.
Sem. Robert Landgraf
Pastoral Vocacional